2ª Conferência sobre Investigação e Arquitectura: Investigar sobre Arquitectura

INVESTIGAÇÃO & ARQUITECTURA: PROGRAMA: "INVESTIGAR SOBRE ARQUITECTURA Organização: Direcção do Departamento de Arquitectura da FAUGA / ULHT e LABART - Laboratório de Arquitectura..."

PROGRAMA

INVESTIGAR SOBRE ARQUITECTURA


Organização: Direcção do Departamento de Arquitectura da FAUGA / ULHT e LABART - Laboratório de Arquitectura

Dia 8 de Novembro de 2010 das 16.00h às 20.30h – Acesso livre

Auditório Agostinho da Silva (Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias)
Campo Grande 376, Lisboa
Telf:217 515 500
Fax: 217 577 006




1ª Parte das 16:00h ás 18.00h
Investigações arquitectónicas, alguns ensinamentos
Moderador: Arq. João Menezes de Sequeira


16.00h
Arq. Maria Inês M. R. Cabral (MIARQ/ULHT)
Arquitectura sustentável: a dimensão global do projecto
16.40h
Arq. Marieta Mesquita (FA-UTL)
ARQUITECTURA(S) DE PAPEL-  Percurso por um projecto de investigação
17.20h
Arq. Diogo Seixas Lopes (Institute gta D-ARCH, ETH Zürich)
CECI TUERA CELA: Aldo Rossi e os infortúnios da investigação


] Intervalo - 30min [


2ª Parte das 18.30h às 20.30h
Sobre a Investigação em Arquitectura, algumas questões
Moderador: Arq. João Menezes de Sequeira


18.30h
Arq. José Duarte Centeno Gorjão Jorge (FA-UTL)
O Crepúsculo da Universidade
19.10h
Arq. Eliana Sousa Santos (MIARQ/ULHT)
Investigação e arquitectura: apologia da inclusão
19.50h
Arq. Patrícia Santos Pedrosa (MIARQ/ULHT)
Raul Lino e Nuno Portas: casos portugueses de reflexão sobre e do interior da arquitectura

Arq. Maria Inês M. R. Cabral (MIARQ/ULHT)

Arquitectura sustentável: a dimensão global do projecto
sinopse

No exercício da actividade e como coordenadores de projecto, os Arquitectos deparam-se por vezes, com temas que não dominam ou que desconhecem mesmo. Isto deve-se em parte ao facto de a coordenação de um projecto envolver questões tão díspares como entender as soluções estruturais, compreender as características de um material, satisfazer o programa do cliente, controlar custos e prever o impacte do espaço nos ocupantes e no local. Apesar da sua preparação académica contemplar esta pluridisciplinaridade, há muito conhecimento que vai sendo criado e que obriga o arquitecto a uma constante actualização: questões sociais e económicas que mudam, internacionalização dos projectos, novas prioridades mundiais. A questão ambiental surge em 1972 com a crise energética, mais tarde em 1989 surge a questão do desenvolvimento sustentável, e em 1997 surge a questão das alterações climáticas. Estas questões tornaram-se prementes e a sociedade no seu todo é chamada para prevenir aquilo que se denuncia como um desenvolvimento insustentável a nível global.
Os arquitectos com a sua quota-parte de responsabilidade numa indústria altamente poluente como é a da construção são também eles alertados e informados da necessidade do seu papel proactivo.
A investigação e construção sustentável são temas de investigação recente em Portugal sendo que os primeiros passos foram dados há 20 anos com alguns estudos sobre arquitectura bioclimática sendo que hoje o tema de construção sustentável tornou-se campo de formação e investigação de engenheiros de ambiente, engenheiros mecânicos e muitos outros.
 O desafio que se coloca actualmente ao Arquitecto é investigar e repensar o seu projecto segundo parâmetros de sustentabilidade local com consequências globais.
A arquitectura sustentável abrange conceitos ambientais, sociais e económicos, gerando uma particular necessidade de criar uma network de conhecimento para auxiliar as tomadas de decisão do arquitecto.
Essa constatação é uma das conclusões de um projecto que foi parte de uma investigação em Arquitectura Sustentável. O projecto consistia na recuperação de uma casa vernácula numa aldeia da região do Minho, mais precisamente inserida no único parque nacional em Portugal - O Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG). A hipótese colocada era se a recuperação numa área protegida deveria ser mais sensível ao ambiente natural envolvente e em que medida se articulava com os constrangimentos específicos de um projecto de recuperação. Assim o projecto foi definido com o objectivo de responder aos requisitos do sistema de certificação LiderA. O projecto foi elaborado e sujeito a duas entidades: o PNPG e a Câmara Municipal de Melgaço (CMM).
 As soluções de tecnologias solares passivas que implicavam alterações de cércea não tiveram aprovação camarária dado que implicavam alterações significativas da fachada do conjunto arquitectónico. O projecto foi por isso alterado. Na fase de construção o projecto foi sofrendo outras alterações significativas porque a fase de demolição parcial do edifício existente permitiu constatar o grau de reutilização de materiais, que foi muito elevado. A fase de construção requereu alguns ajustes no projecto por se terem constatado tardiamente graus elevados de radão no edifício. A escolha dos materiais ecológicos teve em conta a distância dos fornecedores apesar de algumas concessões terem sido feitas para sensibilizar o mercado para materiais mais sustentáveis. A aplicação de alguns materiais inovadores exigiu ainda o acompanhamento junto do empreiteiro e a educação dos operários. Por fim o edifício foi monitorizado na sua ocupação em termos de qualidade do ar, conforto térmico, consumo de biomassa e consumo de água. Apesar de obtida a certificação LiderA classe A+, constatou-se a não aplicabilidade de certos requisitos do sistema a certos aspectos da construção e prioridades do local, e como tal foi elaborado um sistema mais adequado.
Este sistema chamado de CAAAP estaria mais adaptado à certificação ambiental da arquitectura vernácula em áreas protegidas.
O processo de investigação permitiu ainda levantar em paralelo outras questões, desde o custo da construção sustentável até à necessidade de ferramentas e bases de dados que permitam uma maior eficácia na elaboração de projectos sustentáveis, passando pela questão do incentivo à reabilitação e preservação da arquitectura vernácula e não esquecendo o incentivo à indústria nacional para produzir materiais sustentáveis.
Palavras-chave:
Interdisciplinaridade, reabilitação, arquitectura sustentável, custo, ferramentas, arquitectura vernácula

Arq. Marieta Dá Mesquita (FA-UTL)

ARQUITECTURA(S) DE PAPEL-  Percurso por um projecto de investigação
sinopse

Pretende-se com  esta comunicação dar a conhecer o projecto de investigação designado Arquitectura(s) de Papel- Imagens e Projectos de Arquitectura do início do século XX através da Construcção Moderna (1900-1919) - FCT / POCI/AUR /60756/2004.
Esta publicação criada em Lisboa em 1 de Fevereiro de 1900 constitui-se como a primeira revista portuguesa directamente vocacionada para as áreas da construção e da arquitectura revelando ainda preocupações de natureza arqueológica, patrimonial e histórico - artística.
Os objectivos dominantes do projecto foram a preservação da publicação  através da digitalização integral dos seus conteúdos,  bem como a criação de uma base de dados que venha a  permitir  a sistematização das obras e autores presentes no período em referência (nacionais e estrangeiros) .

Arq. Diogo Seixas Lopes (Institute gta D-ARCH, ETH Zürich)

CECI TUERA CELA: Aldo Rossi e os infortúnios da investigação
sinopse


Em 1966, o arquitecto italiano Aldo Rossi publicou uma obra seminal: A arquitectura da cidade. Este livro marcou decisivamente a teoria e prática dos anos vindouros, restituindo à arquitectura uma necessária autonomia disciplinar. Fruto de prévias investigações académicas, introduziu ainda conceitos que fizeram escola. Mas estas ideias seriam contraditas, mais tarde, pelo seu autor. Em 1981, a Autobiografia científica de Rossi propõe “esquecer a arquitectura.” A apresentação pretende discutir os termos desta tese e antítese – ceci tuera cela – à luz do que é hoje investigação em arquitectura.

Arq. José Duarte Centeno Gorjão Jorge (FA-UTL)

O Crepúsculo da Universidade
sinopse
As questões que se poderão levantar, com alguma utilidade, relativamente à investigação em Aquitectura (e, já agora, a propósito da novíssima modalidade de Doutoramento baseada na obra artística dos candidatos) colocar-se-ão certamente com mais interesse no próprio plano institucional. Porquê? Porque é a Universidade que, através da formação que fornece e do tipo de investigação que, por seu intermédio, se vê consagrada em todos os domínios, disponibiliza um saber especifico, o único aliás, que se vê sempre legitimado em todos graus do ensino e que, portanto, é universalmente aceite.
Mas estará a Universidade, como instituição, habilitada ainda para gerir todo o processo de geração desse conhecimento? Depois de Bolonha, sobretudo, conseguirá esta instituição manter o carácter que herdou da Idade Média e que até há pouco tempo conseguiu conservar quase incólume? Que tipo de desafios, que alterações nos seus critérios de valoração, nos objectivos e no método para alcançar esses objectivos, que espírito e que garantias de real independência se manifestam hoje na Universidade?
As questões da investigação e do conhecimento, comprometidas com o pensamento que a sociedade aceita como conhecimento positivo, tornaram a Universidade num instrumento ideológico finalmente com consciência de si mesmo, sob a tutela daqueles que representam o poder nas suas versões mais agressivamente economicistas.
Resistirá o conceito de “universitas” a tal, por assim dizer, alargamento ou desvio semântico?  

Arq. Eliana Sousa Santos (MIARQ/ULHT)

Investigação e arquitectura: apologia da inclusão
sinopse


A problemática da investigação sobre arquitectura tem sido largamente explorada nos últimos anos. No entanto, arquitectos considerados ‘práticos’ publicaram trabalhos de investigação sobre arquitectura, basta lembrarmo-nos do Delirious New York de Rem Koolhaas. Igualmente, outros arquitectos exploraram uma ligação entre a teoria e a prática, como Peter e Alison Smithson, Peter Eisenman, Aldo Rossi ou Greg Lynn, para nomear um grupo diverso.
Recentemente, Anthony Vidler propôs argumento que o desenvolvimento do Movimento Moderno está ligado ao trabalho de historiadores como Nikolaus Pevsner e Sigfried Giedion.
Com tantos exemplos onde é evidente a útil interacção entre a investigação e a prática arquitectónicas, assistimos ao cepticismo crescente do meio arquitectónico em relação à investigação em teoria e em história. Esta questão tem sido debatida ultimamente num ensaio de Mario Carpo, num simpósio organizado por Mark Cousins e no próximo número do Journal of Architectural Education.
Neste ensaio será apresentado o argumento da inclusão da ‘investigação em,’ assim como ‘investigação sobre’ arquitectura, e que idealmente estes dois tipos de investigação deviam ser considerados juntos.

Arq. Patrícia Santos Pedrosa (MIARQ/ULHT)

Raul Lino e Nuno Portas: casos portugueses de reflexão sobre e do interior da arquitectura
sinopse

A premissa que gera esta conferência pode ser traiçoeira, principalmente para os arquitectos que se dedicam à investigação em arquitectura. A proposição “sobre” identifica uma certa exterioridade face ao objecto, tida, num contexto de investigação, como algo menos positivo. Porém, sejam aproximações históricas, teóricas ou de outras áreas disciplinares em que a Arquitectura e o território surjam como objectos, parece-nos uma mais valia que investigadores com formação em arquitectura a elas se dediquem. A nossa proposta visa a apresentação de dois casos portugueses, activos durante o século XX, e que, de modo distinto, contribuíram para o conhecimento da disciplina de onde partem e de onde se propõem nunca sair: a arquitectura. Defendemos, nestes dois casos, identificar investigações que sendo “sobre” acontecem, em absoluto, “dentro”.
Em Portugal, a escassez e o surgimento tardio das reflexões arquitectónicas consolidadas diminui a diversidade de propostas e de trabalhos merecedores de atenção. Os dois autores escolhidos – Raul Lino e Nuno Portas – são suficientemente diferentes e profícuos para motivarem uma discussão sobre processos e resultados de investigações arquitectónicas relevantes. Assim sendo, propomos uma reflexão sobre o discurso de Raul Lino (1879-1974) ao redor do habitar português e das investigações sobre habitação realizadas por Nuno Portas (n. 1934). Procuramos construir um mapa destas duas posições, metodologicamente tão distintas, face às preocupações que ambos partilham com a arquitectura doméstica e com a sua múltipla mas necessária adequação.